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Foto do escritorMarcela Gindro

Como o Diagnóstico de TDAH Impacta a Vida Escolar


Imagem de um grupo diversificado de estudantes universitários em uma sala de aula moderna. Alguns estudantes estão concentrados em suas tarefas, enquanto outros parecem distraídos. A sala inclui elementos como livros, laptops e decorações de sala de aula. A atmosfera é acolhedora e iluminada por uma grande janela ao fundo, que deixa entrar luz natural, criando um ambiente caloroso e convidativo.

Introdução


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos mais comuns em crianças encaminhadas a centros especializados de neurologia pediátrica. Este transtorno, frequentemente considerado crônico e evolutivo, tem levado a diagnósticos cada vez mais precoces, resultando em um aumento significativo da medicalização da infância. No ambiente educacional, o TDAH é muitas vezes usado como uma explicação causal para dificuldades escolares, como repetência e indisciplina.


A Patologização e Medicalização da Educação


O diagnóstico de TDAH tem sido associado a processos de patologização e medicalização das crianças, que são vistas como desviantes quando não se ajustam aos modelos tradicionais de educação. Essas crianças são frequentemente classificadas e tratadas como "problemáticas" e submetidas a intervenções médicas para adequação comportamental. Este processo é reforçado por instituições educacionais que validam diagnósticos psiquiátricos, desresponsabilizando-se das questões pedagógicas e transferindo o problema para o âmbito médico.


Os Efeitos do Diagnóstico de TDAH


O diagnóstico de TDAH pode ter efeitos profundos na subjetivação dos indivíduos. Segundo a pesquisa realizada por Lima e Santos (2021), jovens universitários diagnosticados com TDAH relataram experiências de inadaptabilidade e sofrimento, muitas vezes associadas a sentimentos de incapacidade e comparações autodepreciativas. O diagnóstico pode trazer tanto uma sensação de alívio, ao nomear um sofrimento, quanto uma sensação de estigmatização, ao marcar o indivíduo com um rótulo que influencia sua identidade e percepção de si.


O Papel da Medicalização


A medicalização surge como uma resposta rápida e eficiente para os problemas de comportamento e desempenho escolar. Medicamentos como o metilfenidato são amplamente prescritos para aumentar o foco e a produtividade, muitas vezes sem o acompanhamento de terapias complementares. No entanto, esses medicamentos podem produzir efeitos colaterais significativos, incluindo alterações no apetite, sono, e humor, além de potencialmente inibir a criatividade e a capacidade de questionamento dos indivíduos.


Narrativas dos Jovens Universitários


Os jovens universitários entrevistados na pesquisa relataram uma melhoria significativa no desempenho escolar após o início do tratamento medicamentoso. No entanto, também descreveram efeitos negativos, como o "efeito zumbi", caracterizado por uma sensação de apatia e falta de vivacidade. Esse fenômeno reflete o impacto das demandas normalizadoras da sociedade, que pressiona os indivíduos a se adaptarem a ritmos de vida cada vez mais intensos e competitivos.


Considerações Finais


A análise das trajetórias escolares de jovens diagnosticados com TDAH revela que a medicalização é um processo recorrente para adaptar os sujeitos às exigências educacionais. É importante questionar os mecanismos de patologização e medicalização da vida escolar, buscando alternativas que respeitem as singularidades e promovam uma educação mais inclusiva e humanizadora.


As reflexões apresentadas nesta pesquisa contribuem para uma compreensão crítica dos processos de medicalização da educação e seus efeitos na construção das subjetividades. Espera-se que essas análises incentivem práticas educacionais mais sensíveis às diferenças individuais e menos dependentes de intervenções medicalizantes.


Referências


LIMA, Heliane de; SANTOS, Daniel Kerry dos. O diagnóstico de TDAH e seus efeitos de subjetivação: uma análise das trajetórias escolares de jovens universitários. Est. Inter. Psicol.,  Londrina ,  v. 12, n. 1, p. 27-51,  abr.  2021 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-64072021000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  12  jul.  2024.  https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n1p27.

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